Estamos cada vez mais próximos de uma vacina totalmente brasileira contra a covid-19. Uma delas traz ainda uma outra novidade: trata-se de uma vacina em forma de spray nasal, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Essa vacina é feita em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Com efeito, ela está fase de estudos. A expectativa é que ela esteja disponível até o fim de 2022. Além disso, há expectativas de ser um imunizante com baixo custo, além de proteger contra as novas variantes do vírus sars-cov-2.
“Você já começa a induzir resposta no epitélio nasal e induzir a produção de um anticorpo que é muito importante nas mucosas, que são as IgAs [Imunoglobulina A] secretórias”, explica o coordenador do estudo, Jorge Elias Kalil Filho, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas, à Agência Brasil.
O imunizante se diferencia não somente na via de aplicação, mas também no antígeno. “Em vez de usarmos a Spike do vírus de Wuhan, nós vamos utilizar só a RBD [domínio receptor obrigatório, pela sigla em inglês] das quatro variantes de preocupação”, explica Kalil Filho também à Agência Brasil.
Baixo custo
Kalil Filho diz à Agência Brasil que o custo da nova vacina via spray nasal poderá ficar em torno de US$ 5. O preço está abaixo das demais usadas hoje no sistema de saúde no Brasil. Porém, o coordenador da pesquisa explica que ainda são necessárias outras análises sobre o rendimento.
“Nós temos alguns laboratórios que produzem proteínas recombinantes, mas ainda está muito no início, então estamos tratando com as empresas farmacêuticas pra ver se a gente acha alguma que consiga produzir com boa quantidade”, disse.
Dessa maneira, essa nova vacina poderá ser uma importante opção para aplicação de doses de reforço a partir de 2022. A vacina spray nasal pode funcionar como um reforço para as doses já existentes e aplicadas por via intramuscular. “Provavelmente, quando o spray estiver pronto, boa parte da população mundial vai estar vacinada. Eu acredito que ele vai ser, sobretudo, como uma dose de reforço”, afirmou Kalil Filho.
Vacinas brasileiras
Já existem algumas vacinas em estágio avançado de desenvolvimento no Brasil. Assim, é possível que em breve haja vacinas de tecnologia totalmente brasileira disponíveis para o Plano Nacional de Imunização do Sistema Único de Saúde.
Há, por exemplo, a Spintech, que poderá iniciar em breve testes em humanos, já solicitado junto à Anvisa. Existem vacinas também desenvolvidas pela Universidade Estadual do Ceará, Universidade Federal do Paraná e outras em diferentes estágios de desenvolvimento.
Mais informações no Jornal da USP.
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