A demanda reprimida de famílias que estão na fila à espera da liberação do Auxílio Brasil, segundo dados oficiais do governo, está em 764.798. Contudo, um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra número muito maior: 2.788.362 em todo país.
Segundo avaliação da CNM, esse número pode aumentar mais. Isso deve ocorrer porque o governo federal, via PEC Eleitoral, quer elevar o auxílio de R$ 400 para R$ 600. Assim, a procura por inscrição no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal deve aumentar.
O cadastro é realizado nos Centros de Referência e Assistência Social (Cras) das prefeituras municipais. Segundo o CNM, os centros já estão sobrecarregados. Com o aumento da demanda, a sua capacidade de atendimento, já comprometida, deve piorar. Isso implica no aumento da demora e das filas de análise dos cadastramentos.
Atualmente, 18,1 milhões de brasileiros e brasileiras em situação de vulnerabilidade social recebem o Auxílio Brasil. Por sua vez, dessas, 5,69 milhões recebem o vale-gás.
Dados apresentados no Rio de Janeiro
A Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, em 07/07, exemplificou o problema no município.
“No final de maio existiam 67 mil famílias inscritas no CadÚnico na cidade do Rio que não tinham sido incluídas pelo governo federal no Auxílio Brasil. No fim de junho, esse número pulou para 109 mil famílias”, informa a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro (SMAS).
No vale-gás, acrescenta a pasta, a fila tem 501.958 famílias. No Estado do Rio de Janeiro são 282.957 famílias na fila, no total.
A pasta avalia que esse número deve crescer. “Mesmo com a secretaria inscrevendo todas as famílias que aparecem nos Cras, não significa que sejam atendidas imediatamente”, complementa a pasta.
Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, falou sobre a situação ao Ig Economia. “Se o Ministério da Cidadania diz que não tem recursos para incluir mais famílias no programa, inclusive no vale-gás, hoje a fila está em 2,78 milhões de pessoas (segundo a CNM) como vai aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600?”, questionou.
Paola Carvalho ainda complementa sobre a situação dos Cras municipais. “As pessoas estão tentando se cadastrar e não conseguem porque as prefeituras não estão dando conta de tanta procura. Já as que se cadastraram continuam na fila sem saber se vão receber, mesmo dentro dos critérios. O principal questionamento delas é: já que vão aumentar o valor, será que vão liberar para todos que estão na fila?”, critica ao portal Ig Economoa
Problemas a partir de 2023
Outro questionamento bem comum com a PEC que aumenta o valor do Auxílio Brasil é o fato de esse aumento durar até o fim de 2022. Por isso, a emenda tem sido chamada de PEC Eleitoral. Isso porque, segundo críticos, foi criada somente para angariar resultados nas eleições, sem se preocupar com o bem estar da população depois de dezembro desse ano.
O sociólogo e professor da UFRJ Paulo Baía falou também ao Ig Economia sobre a PEC. Ele avalia que o aumento do auxílio deve ser bastante problemático a médio prazo. “Isso é o que chamamos de patrimonialismo e clientelismo, o erário que se dane. A qualidade de vida de toda a população para depois de janeiro de 2023, para eles (governo), não importa”, disse de forma contundente.
Elisangela Monteiro – Professora – Entusiasta da Blogosfera!!